Aceitando por verdadeira a antiguidade de Sardoal, é de crer que é muito remota a sua existência como Paróquia e Freguesia.
O Capitão Manuel António Morato, na sua “Memória da Notável Vila de Abrantes”, escrita no século passado, referindo-se à fundação da Igreja de S. Tiago, escreve o seguinte: “...As mesmas conjecturas nos levaram a marcar o ano de 1341, como aquele em que se edificava a Igreja de S. Pedro, nos obrigam a pensar o mesmo sobre a edificação da Paróquia de S. Tiago”; por isso que palavras e letras também soltas e destacadas, assim o parecem confirmar nos deteriorados apontamentos do Bispo D. Frei João da Piedade.
“A esta freguesia pertenciam os moradores do Sardoal e dela se separaram no reinado de D. Afonso V, passando a formar freguesia à parte, com invocação de S. Mateus e S. Tiago e a primitiva igreja ficou desde então considerada ermida, com invocação de Nossa Senhora dos Remédios, mas debaixo da jurisdição do Pároco do Sardoal, que apresentava nela ermitão”.
Esta hipótese de fundação da freguesia, ou melhor dizendo, da Paróquia de Sardoal, no reinado de D. Afonso V entre em relativa contradição com um documento que existe no Arquivo da Câmara Municipal do Sardoal, uma carta de sentença, dada pelo Bispo da Guarda, D. Luis, com data de 15 de Setembro de 1456, a favor dos moradores do Sardoal, contra o Prior Fernão Álvares de Almeida, por este pretender obrigar os ditos moradores do Sardoal a prover a Igreja de S. Tiago e S. Mateus, de ornamentos, sinos, livros, etc.Serrão da Mota, nas suas “Memórias restauradas do antigo lugar a vila de Sardoal – 1754”, refere a tradição existente em meados do século XVIII, de que a freguesia fora em tempos recuados em S. Simão (na altura designada por aldeia de Alferrarede), do termo da vila do Sardoal, sem mais fundamento do que conservar-se ali uma pia baptismal, o que pode ser como freguesia anexa e não como Matriz.
Aliás esta tese não pode fazer qualquer prova, porque antes do Concílio de Trento, em 1563, todas as freguesias tinham pia baptismal e autorização para baptizar, visto que não havia registo obrigatório.
O que deve ser notado, é que haver pia de baptismo na Igreja de S. Simão e conservar-se a Feira chamada de S. Simão, no dia deste Santo (28 de Outubro), é indício de grande antiguidade e que ele foi antigo orago e padroeiro, antes que o fossem S. Tiago e S. Mateus.Outros defendem, continuamos a citar Serrão da Mota, que a sede de freguesia foi em Nossa Senhora dos Remédios, junto ao Castelo de Abrantes e em 1753 de conservar a antiga posse e os párocos do Sardoal iam ali oficiar missa, todos os anos, na festa de S. Tiago. “...Queiram que sendo como ainda está, esta freguesia de S. Tiago e S. Mateus, se dividia em duas, para maior comodidade dos párocos ou dos fregueses. Ali era S. Tiago, e S. Mateus era nesta Vila, defronte da Igreja da Misericórdia, onde hoje (1754) se conserva um arco de pedra e que chamam de S. Mateus, por se dizer haver sido ali a sua igreja”.