Edificado no ano de 1571, pelos monges Franciscanos da Província da Soledade, o Convento do Sardoal manteve a invocação de Santa Maria da Caridade. Foi ampliado e reedificado em 1676, por iniciativa de D. Gaspar Barata de Mendonça, que foi o primeiro Arcebispo da Baía e Primaz do Brasil.
A Igreja é de uma só nave de abóbada caleada com altar-mor e duas capelas laterais. Na abóbada do berço da Capela-Mor está pintado o brasão do Arcebispo da Baía, com as armas esquarteladas dos Mendonças, Vasconcelos, Mouras e Baratas. O retábulo do altar-mor é de talha do século XVII. No lado da Epístola há um arcosólio que abriga o mausoléu, no feitio clássico de urna, com larga inscrição na face da arca, assente sobre três leões e o brasão familiar ao alto, onde jazem os restos mortais de D. Gaspar Barata de Mendonça.
No altar colateral do lado da Epístola está um retábulo - relicário decorado na parte superior com 3 pinturas sobre tela, representando Santa Clara, Santa Isabel e a Aparição da Virgem a S. Francisco, obras do século XVII. Neste altar encontra-se a primitiva imagem de Nossa Senhora da Caridade, obra em pedra, provavelmente do século XIV.
O altar colateral do lado do Evangelho é dedicado a Nossa Senhora da Esperança, imagem que nele se encontra, entre duas figuras de S. Pedro e S. Paulo. No retábulo estão encaixilhadas 7 pequenas figuras sobre tela, com a Visitação, a Anunciação, o Presépio, 2 pequenos Anjos e ainda outra de composição indeterminada. Na parte baixa do altar esteve encaixilhado um Oratório (que agora se guarda noutro local, por questões de segurança), peça de arte NANBAN “ de madeira lacada de negro, com decoração a pó de ouro, prata e cobre, sobre a marcação a laca vermelha, incrustações de madrepérola, ferragens de cobre trabalhado e dourado, pintura a óleo sobre cobre”. Esta peça foi doada (7 de Setembro de 1670) a este altar por Dª Jerónima de Parada, viúva de Gaspar de Sousa Lacerda, que está sepultada aos pés do mesmo altar.
A Sacristia é uma construção típica do princípio do século XVIII ou dos fins do anterior, coberta com um tecto pintado em 1720, no estilo dos tectos de ornatos do seiscentismo. Sobre o arcaz ergue-se uma construção em caixilhos, de talha opulenta, com pilastras e frisos decorativos, emoldurando pinturas sobre tábuas, seiscentistas, figurando o Bom Pastor, S. Jerónimo e ainda 2 imagens de Santos indeterminados, centrados em torno de um Cristo de Marfim do século XVIII, da Escola Flamenga.
Nos clautros de simplicidade Franciscana, que convidam à meditação, pode apreciar-se um interessante relógio de sol, um dos poucos que ainda existem no concelho de Sardoal.
Na Galilé, à direita, está a Capela do Senhor dos Remédios, decorada com um silhar de azulejos azuis e brancos (séc. XVIII) com figuras ornamentais e quatro painéis com os Passos de Cristo.
Na parede da Capela do Senhor dos Remédios, existe um Calvário, que se mantém todo o ano de portas fechadas, sendo exposto aos fiéis apenas no dia da Procissão dos Passos do Senhor.