Património Religioso
O Património Religioso é um fenómeno que tem paralelo com o que se verificou por todo o território nacional, onde a talha dourada e policromada alcançou extraordinário desenvolvimento e originalidade entre os séculos XV e XIX, convertendo-se num recurso indispensável nas igrejas e capelas.
A arte da talha é utilizada como suporte de uma linguagem simbólica através da qual se veiculam os princípios doutrinários.
Nas igrejas e capelas da freguesia de Nelas a talha dourada e policromada foi usada sobretudo para a execução de estruturas retabulares, valorizando o espaço sagrado por excelência o altar, mas também as colaterais e laterais.
Encontramos colocadas nas estruturas retabulares e em outros locais dos templos, uma rica e diversificada variedade de imagens religiosas, que materializam o entendimento devocional e religioso das populações.
Existe um número considerável esculpido em pedra calcária da Ançã, sendo imagens de vulto, na sua maioria dos séculos XVI e XVI.
As esculturas de madeira, são na maioria dos séculos XVII a XIX, testemunham a crescente importância atribuída à simbologia das mesmas pelos fiéis.
A quantidade do número de esculturas representativas de alguns santos reflete a importância que o seu culto alcançou nessa área geográfica.
Numa associação direta com a sua intervenção milagrosa no quadro de um problema específico de saúde existe um único exemplo, o culto a Nossa Senhora da Tosse.
Existe o registo das seguintes esculturas:
São Silvestre, Nelas
São Domingos, Algeraz
Menino Jesus, Nelas
Nossa Senhora da Tosse, Folhadal
São Sebastião, Folhadal
Santa Eufémia, Folhadal
Senhor da Cruz, Folhadal
As Capelas e Igrejas também são um marco no Património Religioso.
A Capela de São Domingos, Algeraz, tem particular destaque o Retábulo, foi enformado pelo barroco nacional, é uma estrutura de pequenas dimensões, com um primoroso trabalho de entalhe. As suas ilhargas compõem-se de duas pilastras guarnecidas por cordas de flores, intercaladas por colunas pseudo-salomónicas cujas espiras se encontram escondidas por uma sucessão de elementos que as envolvem: ramos de videira com cachos de grandes bagos, aves de fénix com exuberantes penas policromadas a debicar alcachofras e gorduchos putti em dinâmicas posições.
No espaço central tem uma peanha composta por três figuras, que envergam voluptuosas vestes, calçam sandálias e com os braços erguidos sustentam a plataforma, sobre a qual repousa a imagem de São Domingos. É uma escultura de pequenas dimensões, o Santo veste o hábito preto e branco da ordem dominicana, tem na mão esquerda um livro e na outra uma vara com a flor-de-lis, junto aos seus pés encontra-se um cão.
O Retábulo da Capela-Mor da atual Igreja Matriz de Nelas, enquadra-se num estilo joanino, sendo a obra concluída EM NOVEMBRO DE 1753. Esta fisionomia foi alterada na segunda metade do século XX, sendo totalmente dourado.
A sua estruturação segue o característico esquema do arco do triunfo: nos flancos erguem-se dois pares de colunas pseudo-salomónicas, com as espiras enlaçadas por uma grinalda de flores, que ladeiam nichos, coroados por baldaquinos de onde pendem cortinas, nos quais se resguardam as imagens de São Miguel Arcanjo, no lado da Epístola, e Nossa Senhora da Conceição, no lado do Evangelho.
No Retábulo da Capela de Nossa Senhora da Tosse, Folhadal, estão expostas várias imagens, a maior parte recentes. Ao centro, sobre o trono, eleva-se a padroeira, uma escultura de madeira do século XVIII, com a Senhora e o Menino com coroas de prata, ambos segurando um raminho de flores. No flanco esquerdo enquadra-se uma imagem setecentista de São Sebastião, figurado como imberbe, preso ao tronco e cravado de setas. Na Capela encontram-se outras imagens de madeira policromada, que deveriam figurar no Retábulo, tendo sido substituídas pelas novas invocações, como Nossa Senhora de Fátima e o Sagrado Coração de Jesus.