.:: Freguesia de Nogueira e Silva Escura ::.
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Terça-Feira, 12.11.2024
 
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Historial
 

A História da Freguesia de Nogueira, remonta-nos ao longínquo, ano de 1195, onde, a Paróquia Santa Maria de Nogueira aparece mencionada no "Censual do Cabido da Sé do Porto"; usando o nome "Santa Maria de Nogueira de Vilar";. Tal designação o demonstra a importância que o lugar de Vilar terá ocupado, nos finais do século XII, ao servir de referência Identificadora.

A origem do nome "Nogueira" estará; relacionada com a existência de um grande numero de nogueiras, ou de um grande exemplar desta espécie de árvores, que durante séculos existiram por estas paragens, como chegou a ser referido nas "Inquisições Afonsinas". Ainda será interessante relembrar como a própria palavra "Nogueira" sofreu, durante estes longos anos, várias alterações  na sua forma escrita e fonética : "Nocaria", (1258) "Nugaria", "Ngeira", "Nogueyra".

Orago: Santa Maria. Foi curadoria da apresentação do mestre - escola de Cedofeita. Passou a abadia. Aproveitou do foral da Maia, concedido por D. Manuel a 15/12/1519.

Abrigada no sopé do Monte da Senhora da Hora, ou do Calvário, Nogueira urbanizou-se ao longo da Rua da Igreja, ou da Padre António Costa. A outra, que a atravessa, vem de Matosinhos e Barreiros e segue para Ermesinde. Ambas oferecem uma viagem a este urbanismo harmonioso, na sua grande parte do século XIX.

É a estética das pequenas habitações  conjugadas com os solares, as casas grandes - de que a mais relevante, do século XVIII, com capela e brasão, se encontra na Rua Padre António Costa (em frente à Rua de António José de Almeida): é a Casa da Quinta (consta que nela estiveram alojados os franceses, aquando das invasões).

No lugar de Barroso, o Largo é o rocio da freguesia que, por ser cruzamento de rotas e possuir antigas empresas de camionagem, está associada a (quase) todo o concelho e ao Porto.

A Matriz é, depois da de Moreira, a mais importante das terras maiatas. Imponência criada por um artifício arquitectónico: a frontaria de um biombo, grandioso e requintado, maior do que o interior. A nave é mais baixa um pedaço do que a fachada. Na torre sineira, a data em azulejo (1929) é a da sua reconstrução, pois o templo é setecentista (e o brasão bispal da fachada seria, disse-nos o pároco, sinal de visita festejada do bispo do Porto). No interior, bem conservado, o altar-mor possui talha extraordinária - toda a talha do templo o é e mantém-se como nova. Os tectos de caixote são bem pintados. À  esquerda do altar, atenção à imagem da Senhora do Rosário, do século XVIII, e, do lado direito do arco triunfal, à expressiva Senhora das Dores.

Na Igreja e no jardim lateral festeja-se em Agosto (sem romaria) Nossa Senhora de Fátima; <> desabafou um jovem. (Este ano não choveu, mas dizia a vendedeira, das poucas que lá foram: "O ano passado ainda vendi uns melões este ano não veio ninguém.") No século XIX, a maior romaria era a de S. Bartolomeu. (Álvaro Oliveira, 1985.) Metia teatradas, comédias no adro da igreja, com mimos dirigidos à assistência. Calaram-se há muito... E na Quaresma há o Senhor dos Passos, sempre no terceiro Domingo da Quaresma. A procissão seguia o caminho do Calvário: 1.ª estação dos Passos é na elegante e setecentista capela na entrada da Rua António José de Almeida; e há mais cinco até ao alto do Monte. Nele, está a capela do Senhor dos Passos, de 1869. No interior, austero, a imagem do padroeiro. Tem à direita uma representação dolorosa e ingénua da Senhora do Encontro, e à esquerda a Senhora da Hora com o Menino ao colo. E o S. Miguel Arcanjo, que anda por aqui a lancear o dragão.

O Monte é miradouro espectacular da Maia, e a visita torna-se, por isso, obrigatória. Aqui faz-se a romaria de Nogueira à Senhora da Hora, em Maio.
Por causa dela chamam a isto o Monte da Senhora da Hora, mas também é do Calvário. O monte está arranjado e possui uma escadaria de acesso: à esquerda, na entrada, está a popularmente designada Capela do Senhor dos Amarrados (imaginativo nome, invocando cativeiro, dos cativos e perseguidos, dada a uma capela dos Passos). "È; bonita. Viu as imagens? São de santeiros daí, mas não sabemos quem eram.>> Diante da capela do Senhor amarrados há um marco com a legenda "Mercado 1º de Dezembro 1933". "Ó Senhora Albina, aqui é a feira?". "Era, era às quartas-feiras. Mas já não se faz há 50 anos. As lavadeiras vinham lá de baixo dos campos, vender as coisas. Aí meia dúzia, mas o povo não aparecia - também quem vem ao Calvário fazer compras?- e desistiram. Morreu tudo...". A nascente, um pequeno burgo e o Monte Penedo, como lá dizem.

Em Nogueira há visitas que aconselhamos: além da descoberta de Barroso, lugar central, devem, pela estrada de Milheirós e Arroteia (Rua Manuel da Silva Cruz), ir ao Casal - "de casa, ou parcela de propriedade rústica dotada de habitação" (Pª Domingos Moreira, 1969) - um conjunto característico das villas maiatas e rurais. Está lá a casa azul, oitocentista, de aldeia. Encostados às habitações dando para a estrada - tomava-se o fresco e via-se passar o trânsito os bancos de pedra. E no caminho para Vermoim, à saída de Nogueira, há uma Veneza pequena num rio afluente do Leça (a Ribeira do Arquinho), que o dono da casa de azulejo arranjou, limpou, regularizou. Corre debaixo de um parreiral a delícia do rio. Com queda de água e (arregalem-se os olhos) um moinho!

O moleiro nogueirense personificado foi o senhor Celestino Clemente Barbosa, artista não por necessidade, mas por amor às mós. "Tem duas pedras", moem, enquanto há água, seis arrobas por dia. O senhor Celestino foi um homem dos ofícios sobrevivente: cozia pão de milho para casa, construía os rodízios - e duravam 5 ou 6 anos - foi herdeiro do pai, o velho moleiro, e comprou casa para continuar a tradição.

Nos tempos em que o ribeiro do Senhor Celestino levava peixe e águas limpas, havia cantigas e poetas improvisadores: praticava-se a arte de Talma como forma de promoção cívica, inspirada e devotadamente, como se depreende destes versos de 1928:


      O Teatro é uma escola,                          O Teatro é um passatempo,
      È uma fonte de instrução,                                   È uma boa distraçao,
      Sendo bem orientado,                                        O Teatro é um conforto,
      É uma salutar lição,                                            Que dilata o coração.

     
      
   
      Avante pelo teatro,
      Avante sem desfalecer,
      Viva o Flor Nogueirense,
      Viva sempre aé morrer.


E na peça A Vida de Cristo, de autor anónimo, recolhida em Nogueira, em 1971, pelo senhor Artur Costa, as canseiras aldeãs eram assim retratadas na 1ª cena: <> Coro entrando com ferramentas de trabalho:

    

     As Trindades tocam,                                                De uma vida,
     É o aviso da ceia,                                                    Cheia de horror,
     Sinal de silêncio,                                                      Recolhe a casa,
     Em toda a aldeia.                                                    O cavalos.



Resumo Histórico da Freguesia de Silva Escura:

No distrito do Porto, a cerca de 3 quilómetros da Maia, sede concelhia, está situada a freguesia de Silva Escura, no extremo Noroeste do concelho.

O seu orago é Santa Maria, mas apesar desta grande devoção à padroeira, são também celebrados na freguesia, Santo António, a 13 de Junho e Nossa Senhora da Conceição, em Agosto.

O povoamento de Silva Escura é bastante antigo e a julgar pelos nomes de alguns dos locais que a constituem, depreende-se que será anterior ao século XII, atingindo épocas proto-históricas, pelo menos. O própio topónimo Silva Escura ascende a grande antiguidade, sendo Silva nome de planta, ou, nalguns casos, da invocação de Nossa Senhora da Silva. O qualificativo Escura vem de certa forma salientar a densidade da vegetação no local, por isso sombrio.

O documento mais antigo referente a Silva Escura é um diploma do ano de 906, que se refere a um contrato de divisão de bens da Igreja de Silva Escura entre os bispos D. Nausto de Coimbra e D. Sismando de Iria. De instituição paroquial anterior ao século XII, Silva Escura era nesta época constituída pelas villas rústicas de Devesa, Friães, Frijufe, Sá, Silva Escura e Taím, todas elas com os respectivos casais, mencionadas nas Inquirições de 1258. O senhorio destas villas pertencia em geral a fidalgos e cavaleiros-fidalgos, e no caso de Devesa e Friães era repartido com aqueles e com o Mosteiro de Santo Tirso e o cónego da Sé do Porto (Pedro Mendes), respectivamente. 

Em 1258, era abade desta freguesia o padre João de Sá - e este de Sá não indica estirpe, mas a naturalidade (o lugar de Sá nesta freguesia). O Censual alti-medievo da Sé portuense indica esta censoria episcopal, na ecclesia de Santae Mariae de Silva obscura: a terça das mortulhas, um moio de trigo, três de aveia, e dois de milho. O padroado da igreja que no século XIII se encontrava na posse só dos fidalgos, foi posteriormente repartido pelo papa, o bispo da diocese e o mosteiro de Santo Tirso, senhor aí de vários bens (doados antes de 1258, certamente pelos supracitados fidalgos). As três entidades apresentavam o abade alternadamente, com cerca de 500 mil réis anuais de rendimento.

Como património cultural e edificado a freguesia destaca-se a Igreja Paroquial, e como local de maior interesse turístico o Monte de Santo António.

A população de Silva Escura dedica-se essencialmente à metalomecânica, ao mobiliário, à indústria têxtil e à agro-pecuária. O artesanato de Silva Escura é bastante procurado, destacando-se entre outros, as famosas esculturas de santos em madeira.


 
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