A presença humana na Freineda remonta à Antiguidade, comprovada pela existência de uma grande necrópole, com mais de 100 sepultura antropomórficas que foram destruidas durante a construção da linha férrea, no último quartel do séc. XIX.
Actualmente, ainda, é possível observar três dessas sepulturas, junta à antiga padaria (em Freineda Gare, na entrada para a Quinta da Carvalheira), duas de adultos e uma de criança, com orientações a norte e a nascente. Estas sepulturas, como todas as outras até agora encontradas, não estavam seladas.
Sepultura Antropomórfica*
* - o figurante está vivo e recomenda-se.
No séc. XIV, em 1321, Segundo J. Piranha Gomes (in, História da Diocese da Guarda), a Freineda pertencia ao Bispado de Ciudad Rodrigo, bem como as Igrejas de Castelo Bom e seu termo, Vilar Formoso, Nabais e S. Pedro do Rio Seco.
Do séc. XVII encontram-se, no Cabeço do Picoto, vestígios mal definidos, de um Castelo levantado durante as Guerras da Restauração. Como em muitos outros casos não é de estranhar que tenha sido edificado a partir de um antigo Castro-Romano, conforme sugere o General João de Almeida (in, Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses, Volume I - Capítulo 3º - pág. 153/189).
Em 1773, segundo os planos territoriais do Marquês de Pombal, houve uma restruturação através da integração das diversas paróquias no novo Bispado de Pinhel, sendo a Freineda pertencente à "Visita de Riba Côa"
No início do Séc. XIX a aldeia não teria mais de 50 casas, 200 pessoas e uma grande Igreja.
Foi nesta altura que, na sequência das Invasões Francesas (1807, 1809 e 1810) e do auxílio britânico a Portugal, que esteve aquartelado na Freineda o Duque de Wellington.
Igreja Matriz
O Comandante Chefe do Exército Luso-Britânico que resistiu às três invasões francesas lideradas por Junot, Soult e Massena, respectivamente, montou o seu Quatel General, entre Novembro de 1812 e Maio de 1813, na «maior casa da aldeia» (in, Robert Burnham), situada no Largo da Igreja.
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A Artilharia e Engenharia estavam noutra localidade acerca de 5 km a sul, enquanto que o departamento médico, jurídico e comissariado encontrava-se numa terceira localidade 5 km a norte. |
Após a presença do Lord Wellington a Freineda terá vivido um período de desenvolvimento, já que em 1870 torna-se uma vigaria independente da de Castelo Bom e seu termo, e no início do séc. XX surge referênciada como uma aldeia de grande dinamismo e possuidora de vários equipamentos, inovadores para a região. A primeira metade do séc. XX correspondeu a uma época de grande crescimento a que não será estranha a Linha Férrea e a fábrica de moagem aí existente, inicialmente junto ao Rio Côa e depois no povoado.
Bibliografia:
Almeida, João de... , Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses, Volume I, Cap. III, p. 153-189.
Browne, Thomas, The Napoleonic War Journal of Captain Thomas Henry Browne 1807-1816.
Gomes, J. Piranha, História da Diocese da Guarda
Green, John, A Soldier's Life: 1806-1815 (Originally published as The Vicissitudes of a Soldier's Life).
Larpent, Francis, The Private Journal of F. S. Larpent, ESQ., Judge Advocate General of the British Forces in the Peninsula Attached to the Head-quarters of Lord Wellington During the Peninsular War, From 1812 to its Close.
Thornton, James, Your Most Obedient Servant: James Thornton Cook to the Duke of Wellington.
Ward, S.G.P.: Wellington's Headquarters: a Study of the Administrative Problems in the Peninsula 1809-1814.
Actualizado em ( 03-Abr-2008 )