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Mosteiro de Paço de Sousa / Igreja do Salvador |
Mosteiro de Paço de Sousa / Igreja do Salvador
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Igreja de planta basilical composta, de 3 naves, sendo a central mais alta, com 3 tramos, e transepto não saliente e mais baixo; ábside comprida, rectangular, de 4 tramos abobadados e absidíolos rematados em semicírculo com abóbada de centro quebrado evoluindo para quarto de esfera no semicírculo final. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de 2 águas e 4 na torre-lanterna do cruzeiro. Frontispício revelando espacialidade interior, com a nave central em empena, separada das laterais por dois contrafortes, que enquadram um portal em alfiz conservando resto de outro contraforte, à direita. Portal axial de 5 arquivoltas em arco apontado, rodeado por friso com motivos geométricos, com capitéis de temas fitomórficos biselados, e tendo superiormente entre os contrafortes cornija ornada por modilhões figurando animais. Sobre as mísulas, em bovídeo e cabeça humana, tímpano decorado com um círculo central contendo uma inscrição, ilegível, ladeado inferiormente por 2 círculos onde estão esculpidos 2 bustos humanos sustentando o sol e a lua. Encima-o ampla rosácea de círculos encadeados, envolvida por 3 faixas de temas fitomórficos e esferas. Junto à porta lateral N. rasgam-se na parede externa e enquadrados por contrafortes 2 arcossólios. Absidíolos rematados exteriormente por arcadas cegas em banda lombarda, apresentando frestas molduradas com uma decoração de flores quadrilobadas e esferas. No interior, naves separadas por grossos pilares de secção cruciforme, com sapatas circulares, dos quais arrancam, longitudinalmente, arcos formeiros, em arco apontado, encimados por clerestório, assim como os arcos torais, que nas naves colaterais estão sustentados por meias-colunas adossadas aos muros. Os pilares, compostos por colunas cilíndricas embebidas, com arestas boleadas como colunelos, estão assentes em bases bolbiformes apresentando capitéis decorados com temas fitomórficos. Altar-mor com retábulo de talha policroma. À direita do portal, está o túmulo de Egas Moniz, integrando as lajes de dois momentos distintos. Nos laterais estão iconografadas cenas de Egas Moniz jazendo no leito, a sua deposição no túmulo, um prelado de báculo e livro nas mãos e a lendária deslocação a Toledo. Uma das tampas que o recobre, do primeiro cenotáfio, apresenta uma epígrafe, disposta em duas regras, gravadas em sentidos opostos: "HIC : REQVIESCIT : FL'S : DEI : EGAS : MONIZ : VIR : INCLITVS / ERA : MILLESIMA : (CE)ENTESIMA : LXXXII(II)". A outra tampa, anepígrafa, apresenta nos planos oblíquos uma decoração vegetalista geometrizante. Por detrás do túmulo, na parede O., encontra-se uma tampa sepulcral, de formato trapezoidal e de secção rectangular, com moldura a toda a volta delimitando um campo onde está esculpida a figura de um Abade. Esta tem vestes litúrgicas, báculo na mão esquerda, com o remate em forma de cabeça de serpente e a mão direita levantada em sinal de benção. A S. da igreja desenvolve-se o claustro, composto por quatro lanços de 7 tramos, de colunas toscano-dóricas com os arcos com nervuras, sustentando em 3 lados as antigas instalações monacais, numa galeria coberta com 3 portas envidraçadas, de vão rectangular, apresentando pequeno varandim incorporado na cornija e suportado por 2 mísulas. Da fachada N., que confronta com a igreja, conserva-se apenas a arcaria, estando também o lanço E. em ruína, no 1º andar. O acesso a este é feito ao centro por escadaria de 2 lanços e patamar, fechado com portão gradeado de 2 folhas, enquanto as alas S. e O., recentemente reconstruídas, têm acesso por uma porta de vão rectangular junto ao ângulo que as une. Nos ângulos conservados do claustro, gárgulas em forma de canhão. No centro da quadra, chafariz sobre soco de 3 degraus e tanque quadrilobado, com 2 taças sobrepostas, sustentando a bica, figurando 4 pelicanos interligados pelas asas. Na ala E., sacristia com acesso por porta de vão rectangular simples, e comunicando com o absidíolo S. da igreja por porta idêntica. Esta tem lateralmente arcaz corrido e na parede fronteira, retábulo de talha dourada representando a visão de Santa Lutgarda, inscrito num vão de arco pleno, enquadrado por 2 pilastras encimadas por pináculos. O retábulo é ladeado por 2 portas de vão rectangular, entaipadas. Tecto em caixotões de madeira pintados. Na parede E., junto do ângulo com a parede do absidíolo S., abre-se em corpo saliente, lavabo dos prelados, com tecto abobadado, pintado com temas vegetalistas. Cruzeiro de soco quadrangular, base também quadrangular decorada com pedra de armas, paquife e elementos vegetalistas, coluna circular interrompida a um terço por anel e tendo, inferior e superiormente, palmetas estilizadas, capitel coríntio encimado por bola e cruz.
Cronologia
956 - Fundação da igreja por D. Trutesendo Galindes, filho de Galindus Gonzalvis, tal como constava da inscrição pintada no tímpano, removida aquando dos restauros da DGEMN; 994 - documento mencionando o a fundação e o respectivo fundador do mosteiro; séc. 12 - reconstrução e ampliação da igreja; 1146 - data da morte de Egas Moniz; séc. 13 - reconstrução e ampliação da igreja; 1605 - demolição da Capela do Corporal; séc. 17 - construção do claustro e fonte; 1690 - data do cruzeiro; séc. 18 - ampliação do edifício conventual; pertencia ao padroado da Companhia de Jesus, do Colégio de Évora; 1706, 28 de Julho - contrato com o ourives Manuel do Couto e Sousa para a execução de uma cruz de prata, igual à do Mosteiro dos Religiosos de São João; 1741 - remodelação da capela-mor; 1784 - reconstrução da capela-mor; 1927 - violento incêndio danifica sobretudo o mosteiro; 1944 - é transferido para a igreja um altar proveniente da Igreja de Arnoso; 2003, Julho - assinatura de vários protocolos do projecto Rota do Românico no Vale do Sousa.
Resumo:
Monumento nacional, é o templo de três naves extensas e elevadas, no estilo de transição do românico para o gótico, de fundação dos fins do século XI, o mosteiro foi fundado em 962 pelo nobre cavaleiro Godo Triutesindo Galendiz, ascendente de Egas Moniz.
Todo o templo apresenta abundante e cuidado trabalho arquitectónico e decorativo.
Algumas Fotos
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Casa e quinta da companhia |
Casa e quinta da companhia
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A história da Quinta da Companhia, que deve a sua designação à Companhia de Jesus (original possuidora desta propriedade), encontra-se intimamente associada à história do Mosteiro de São Salvador de Paço de Sousa, a partir do século XVI, quando o Cardeal D. Henrique foi abade-comendatário desta casa religiosa. De facto, o futuro regente e rei encontra-se no centro da questão que envolveu os monges beneditinos de Paço de Sousa e os jesuítas. D. Henrique tornou-se abade-comendatário deste convento em 1535, cargo que trocou, três anos mais tarde, pelo do Mosteiro de Castro de Avelães (Boletim DGEMN, n.º 17, 1939), regressando a Paço de Sousa em 1560. A cedência dos direitos comendatários à Companhia de Jesus é posterior. No contexto da reforma dos mosteiros de S. Bento, o Papa Pio V ordenou que todas as casas que não pudessem ser reformadas, fossem cedidas a outras ordens, o que veio a acontecer a Paço de Sousa, entregue à Companhia de Jesus, ou mais precisamente, ao colégio do Espírito Santo de Évora, em 1570. Contudo, os beneditinos opuseram-se a esta resolução e, em 1578, o Papa Gregório XIII acabou por anular a anterior disposição, cedendo à Companhia apenas a renda da mesa abacial. Aos beneditinos cabia a posse do mosteiro e a renda da mesa conventual, em todo o caso, bastante inferior à dos jesuítas (RODRIGUES, 1931, pp. 220-224). Uma vez que os religiosos de São Bento conservavam as instalações conventuais, os jesuítas viram-se obrigados a construir uma casa professa e respectivo celeiro, que correspondem, hoje, à Casa da Companhia. Os terrenos para concretizar este empreendimento foram trocados com o mosteiro. Com a extinção da Companhia, em 1759, esta propriedade (com os foros da Mesa Abacial) foi adquirida pelo negociante José de Azevedo e Sousa, de Vila Nova de Gaia, que instituiu os bens em Morgado, deixando-o à sua segunda filha. A família manteve a Quinta na sua posse e, na segunda metade do século XIX foi, precisamente, um dos seus descendentes o responsável pelas profundas obras de remodelação da Casa, Diogo Leite Pereira de Melo, fidalgo da casa Real e presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia. Contudo, a intervenção não foi tão vasta quanto o desejava Diogo Leite, uma vez que os planos iniciais não puderam ser cumpridos por falta de recursos financeiros. Com a sua morte a Quinta foi vendida e o novo proprietário realizou uma série de reformas, que incidiram, principalmente, ao nível do interior. O acesso à Quinta faz-se através de um portão recortado, ladeado por pináculos e coroado por pedra de armas. A fachada principal desenvolve-se em três pisos e é aberta por uma série de vãos, simétricos. O acesso ao primeiro piso é feito através de uma escadaria exterior, de desenho irregular, de lanços convergentes (dois de um lado e apenas um do outro). Paralela à fachada, encontra-se ainda a capela, de nave única e coro alto que comunica com o piso intermédio do edifício de habitação. O alçado principal deste pequeno templo é flanqueado por duas pilastras cunhais, encimadas por pináculos e, ao centro, abre-se o portal, rematado por frontão curvo, interrompido por pinha, ao qual se sobrepõe um óculo. No interior, destaca-se o retáblo-mor, de talha dourada que se insere ainda num contexto seiscentista, ou proto-barroco, bem como o tecto, em caixotões, dourado e policromado. Como já referimos, a casa foi objecto de profundas modificações entre os séculos XIX e XX, que lhe conferiram um aspecto mais próximo do neoclássico. Contudo, a capela conservou o traçado depurado e maneirista da época da sua construção. Ela é a mais viva memória da antiga vivência jesuíta, a par do celeiro, de características funcionais e implantado a Sul da habitação actual. A Quinta desenvolve-se nos terrenos que cercam a casa, integrando espaços ajardinados, e a mata, onde é possível encontrar várias árvores centenárias e alguns locais de lazer, entre os quais destacamos a denominada Fonte dos Frades.
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Casa do Gaiato |
Casa do Gaiato
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Em 1940, o Padre Américo Monteiro de Aguiar estrutura a Casa do Gaiato. Chegou a hora dos abandonados e a 7 de Janeiro desse ano abre, em Miranda do Corvo, a primeira Casa da Obra da Rua. Três anos depois (24 de Abril de 1943) inicia as obras da Aldeia dos Rapazes, em Paço de Sousa (Penafiel).
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Cruzeiro da Costeira |
Cruzeiro da Costeira
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Ponte românica do Vau |
Ponte românica do Vau
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