HISTÓRIA DO BUNHEIRO
É de crer que o nome do Bunheiro, aparecendo documentado em 1420 como «Boinheiro» ou «Boynheiro», advenha de bunho, planta comum na região marinhoa onde a freguesia se encontra, espaço de aluvião que a natureza conquistou ao mar. Contudo o seu território terá conhecido presença humana muito antes de estar documentado, pois o topónimo Romariz sugere ter existido ocupação no período suevo/visigodo.
No século XVI, fruto da descoberta das Américas, foi introduzida na Europa a cultura do milho grosso, que se adaptou perfeitamente ao solo marinhão. Em breve o seu cultivo viria a suplantar o de todos os outros cereais, aumentando a capacidade produtiva e a população regional. Em complemento do milho, ainda hoje cereal dominante, desenvolveu-se a criação de gado bovino, produzindo-se grande quantidade de leite para abastecer a indústria de lacticínios, forte na região.
O Bunheiro integrou o Couto de Antuã doado em 1257 pelo Rei D. Afonso III ao Mosteiro de Arouca, de cuja autoridade se libertou com a implantação do regime liberal na primeira metade do século XIX. Pertencendo ao concelho de Antuã, depois designado de Estarreja, veio a ser incluído no novo concelho da Murtosa com a sua criação em 1926. Constituiu-se originalmente de dois grandes núcleos – Bunheiro e Sèdouros -, ainda hoje distintos, sendo que a fundação da paróquia (curato desmembrado da reitoria de Avanca) teve origem no final do século XVI. Os caminhos da fé, aqui bem presentes, viriam a moldar personalidades marcantes, entre elas dois bispos: D. Frei Manuel de S. Joaquim Neves, O.P. (1775-1849), arcebispo de Cranganor – Índia; e D. Júlio Tavares Rebimbas (n. 1922), bispo do Algarve, Auxiliar do Cardeal Patriarca de Lisboa, de Viana do Castelo e do Porto.
M. P.