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Segunda-Feira, 06.5.2024
 
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3ª Fase do Ciclo do Linho
3ª Fase do Ciclo do Linho

Esta recriação foi um trabalho de parceria do Rancho Folclórico Os Camponeses da Beira-Ria, do Rancho Folclórico Andorinhas de S. Silvestre, da Fraternidade Nun’Álvares da Murtosa, da Confraria Gastronómica O Moliceiro e do Clube Cultural e Recreativo das Quintas, com o patrocínio da Câmara Municipal da Murtosa e da Região de Aveiro.

Depois da preparação da terra, da sementeira, da rega e da monda, da arrancada, da ripagem e da remolha, trabalhos já recriados em 25 de Março, 29 de Abril e 29 de Julho, hoje de tarde completou-se o ciclo recriando as tarefas em falta, a saber: secar; amaçar; emaxear; espadelar; assedar; estrigar; fiar; ensarilhar, barrelar; cozer; lavar; corar; secar; dobar; encanelar; urdir e tecer.

Para que todos fiquem com uma ideia do muito que se reviveu nesta tarde, apresentamos de seguida um cheirinho.

 

Secar – Os molhos do linho, que haviam sido remolhados, foram abertos, tendo o linho sido estendido no campo a secar ao sol.

 

Amaçar - Quando o linho era em pequenas quantidades, recorria-se ao processo de amaçar, que consiste em bater nos punhados de linho com maças de madeira, sobre uma pedra de granito.

 

Emeixear - O processo de emeixear consiste em extrair fibras de linho da pasta, puxando-as por uma das extremidades, formando umas “mãos-cheias”, que depois vão ser espadeladas.

 

Espadelar - Esta operação era executada em cima de um cortiço e consiste em bater no linho com uma espadela (espécie de cutelo largo de madeira), para fazer saltar as arestas, fazendo com que fiquem apenas as partes fibrosas do linho.

 

Assedar - Consiste esta operação em passar as vezes necessárias uma porção de linho pelo sedeiro, segurando-a ora por uma extremidade, ora pela outra.

 

Estrigar - Terminada a operação de assedar, a porção de linho então trabalhado, agora sedoso e macio, leva algumas “torcidelas”, é dobrada a meio, sendo amarrada na ponta para não se desmanchar, constituindo-se assim a estriga.

 

Fiar - Fiar é, como a palavra indica, transformar as fibras do linho num fio, com reduzida espessura e o mais regular possível.

A fiação é feita com a roca e o fuso. Numa mão, trabalha o fuso e a outra vai puxando as fibras que vão sendo incorporadas no fio, tarefa onde a saliva é fundamental.

 

Ensarilhar - Seguidamente, o linho contido nas maçarocas é passado para o sarilho. Atingindo-se uma certa quantidade de fio, para o que se tornam necessárias várias maçarocas, está assim formada uma meada.

 

Barrelar - Com esta actividade inicia-se o processo de branqueamento linho.

Numa gamela, foi feita a barrela, mistura de água com cinza retirada da lareira, depois de peneirada. As meadas são aí mergulhadas e impregnadas de barrela, indo depois a cozer.

 

Cozer - A cozedura das meadas faz-se numa panela de ferro de três pernas.

Nela se colocam as meadas barreladas e aí ficam, a cozer, em lume brando, durante várias horas.

 

Lavar - Uma vez retiradas da panela, as meadas eram levadas a local de água abundante, a fim de serem devidamente desbarreladas e lavadas. Por fim, são lavadas com sabão.

 

Corar - As meadas, depois de lavadas, mas ainda com sabão, são postas no coradoiro a corar ao sol. Para tal são endireitadas e enfiadas numa cana, sendo os fios desenriçados e separados. Com todo o cuidado são depois estendidas no coradoiro. Sem as deixar secar completamente, irá ser-lhe adicionada água, várias vezes ao dia, com auxílio de um regador.

 

Secar - Depois, as meadas são de novo passadas por água e esfregadas, para lhes retirar o sabão, torcidas para lhe retirar a maior parte da água e, novamente enfiadas numa cana e penduradas a secar. 

 

Dobar - As meadas eram depois colocadas na dobadoira. Puxando-se peça extremidade do fio, faz-se rodar a parte superior da dobadoira, ao mesmo tempo que, com as duas mãos, se vai fazendo o novelo até encher a mão que o suporta.

 

Encanelar - Esta tarefa consta de encher canelas, neste caso, meter fio de linho nas canelas. A canela é um pedaço de cana. A canela é cheia com auxílio de um utensílio chamado caneleiro. Este fio irá depois ser utilizado como trama no processo de tecelagem.

 

Urdir - Esta tarefa é feita na urdideira, sendo utilizada também a fiosenha e o pares, no qual se coloca 12 novelos de fio, um em cada compartimento.

Esta operação consiste em juntar 12 fios, todos com o mesmo comprimento, que depois irão incorporar a teia.

A urdidura irá depois ser colocada no tear, passando a constituir a teia.

 

Tecer - A tarefa do tecer é o culminar do ciclo do linho e consta da transformação do fio de linho em tecido, operada num tear manual.

 

 

EXPOSIÇÃO DE ROUPAS E TECIDOS DE LINHO: Na parte sul da eira encontravam-se 6 manequins com roupas de linho e três mesas, em cima das quais estavam peças de linho: lençóis, toalhas de mesa ou de rosto, colchas, camisas, saias, e toalhas de altar. Também estiveram expostas as cintas com que se descia o caixão à cova, que existiam nas famílias mais abastadas da freguesia.

 

“Do linho de fazem panos

do linho se fazem fios

para as velas dos moinhos,

para as cordas dos navios,

que andam no alto mar.

Também se fazem as rendas

para as toalhas do altar…”

 

OUTRAS UTILIZAÇÕES DO LINHO OU DA LINHAÇA

De seis utilizações do linho ou da linhaça, incluindo dos seus derivados, que enumerámos, foi possível encenar três:

 

- Canalizações para águas: - Nas tradicionais canalizações de água, as roscas abertas em tubos, para adaptação de um qualquer acessórios, levavam linho e alvaiado, para que ficassem bem vedadas.

 

- Tintas para pintura de madeira: - As peças de madeira (portas, janelas, etc.), eram pintadas com tinta de óleo, que podiam ser de várias cores, sendo as mesmas fabricadas pelo próprio artífice. Estas tintas levam na sua constituição alvaiado em pó, um pigmento (que lhe dá a cor pretendida) também em pó, o necessário aglutinante que é oo óleo de linhaça e secante.

 

- Execução de oleados para as peixeiras: - A base é um pedaço de pano cru, ao qual é feito as bainhas em toda a volta. Com óleo de linhaça fervido e secante, é dada uma primeira demão e colocado a secar. Quando estiver seco dá-se uma segunda demão do mesmo material e volta-se a colocar a secar. Finalmente dá-se a terceira e última demão, esta já com o óleo e secante misturado com um pigmento que lhe dará a cor pretendida ao oleado (as mais vulgares são a amarela, a verde e a azul), colocando-se de novo a secar.

 

As utilizações do linho ou da linhaça que não nos foi possível recriar, embora tivessem sido referenciadas, são:

- Calafetagem de embarcações (estopa e breu);

- Culinária (linhaça e óleo de linhaça);

- Boticária (papas de linhaça).

 

No final, todos estavam contentes: público e executantes.

Parabéns a este punhado de pessoas da nossa terra que nos deliciaram com “as voltas que o linho leva até chegar ao tear”.

Foi uma tarde diferente, na qual se voltou a respirar cultura nesta terra que é nossa, onde muito linho se criou em tempos que já lá vão (até anos 50 do século passado).

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