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Domingo, 24.11.2024
 
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Feiras e Festividades
 

Tradições

As festas e romarias tradicionais de Penela da Beira relacionam-se, essencialmente, com factos religiosos. Assim, celebram-se, na segunda quinzena de Agosto, durante dez dias, as festas em honra de Nossa Senhora da Piedade e de Nosso Senhor da Aflição, que são as mais antigas e as mais conhecidas da região.

Até há cerca de doze anos, estas festas eram animadas pela banda de música da casa do Povo de Penela da Beira, que não se encontra, actualmente, em actividade, integrando alguns dos seus antigos elementos outras bandas da região.

Outra das tradições da freguesia relaciona-se com o dia do corpo de deus, realizando-se uma procissão com algumas características peculiares, pois todas as ruas por onde passa a referida procissão são enfeitadas com tapetes de flores e, ao longo do caminho percorrido pelo cortejo, são construídos altares, onde se faz uma paragem para rezar.

As pessoas empenham-se bastante no enfeite das ruas, na construção dos altares e no enfeite das suas próprias casas, onde durante a procissão, são colocadas colchas nas janelas. Junto dos altares, estão sempre duas crianças, às quais chamam “anjinhos”, que devem lançar flores sobre o Altíssimo, enquanto se reza.


Uma outra particularidade da procissão do dia de corpo de Deus é que nunca leva andores.


A tradição do Cantar dos Passos, na Quaresma, pelas ruas de Penela da Beira, com paragem nas diversas estações (passos), com cânticos e rezas próprias, ainda se mantém viva:

 


Passos

Homens:

Bendita e Louvada seja a Paixão
E morte do Senhor, Jesus.

Mulheres:

E por nossos pecados
Ele será Tormentado e Morto na Cruz.

(Depois do último Passo)
Vós que fostes desterrado de Belém a Nazaré,
Desterrai os nossos peitos, Jesus, Maria e José.
Pelas montanhas do Egipto, com Jesus e São José.
Senhor Deus dai-nos auxilio e também, Paz e concórdia,
Para que digamos todos, Senhor Deus Misericórdia.
Misericórdia meu Deus , misericórdia Senhor
Misericórdia Vos pede, este grande pecador.

Pelas Vossas cinco chagas, pelo vosso divino amor.
Pelas Vossas cinco chagas, pelo vosso divino amor.
Amparai-nos meu Jesus, Tende-nos nas Vossas mãos.
E com toda a humildade Vos pedimos o perdão.
Com vosso filho nos braços, Amor e Santa Benção.
(Em frente à Capela de Nossa Senhora da Piedade)
Glórias à Virgem, Subimos às estrelas.
Criador criaste, aos peitos da pureza.
Vossos filhos nos deste, para que nos criou Eva
Para que no céu entremos às portas abertas.
Ó alto rei da entrada, sala de voz suprema,
Ó alto rei da entrada, sala de voz suprema,
Ó gente resumida, para tal grandeza.
Jesus Filho da Virgem, a vós glória seja.
(baixa a voz)
E com o padre da humildade.
Com o Espirito Santo viveis e reinais.
Por todos os séculos dos séculos amém.
Virgem soberana, outros campos dignos.
Soltem voz humana, cantigas divinas.
Que se torna o mundo, não é maravilha.
Vós sois Mãe e Filha, do senhora de tudo.
Que Eva perdeu, por nós se quebrou.
Quem tal vos criou, tal de vós nasceu.

Sois jardim cheirosa, plantado em ribeira.
Em campo formoso, formosa a oliveira.
Entre espinhos e rosas, lírios, juncos mágoas.
Em vós não há mágoa, toda cheia de graça.
cheia de graça cheia, enquanto o sol rodeia.
Enquanto o mar abraça, toda cheia de graça.
Cheia de graça cheia, amém.

(De regresso à Igreja)
Homens:

Senhor Deus, Misericórdia.

Todos:

Virgem mãe de Deus e mãe nossa.
Alcançai-nos do vosso amado filho misericórdia.

(já em frente à porta da igreja)
Nome de Maria, que tão lindo é.
Salvai a minha alma, que ela vossa é.
Que ela vossa é, sempre o há-de-ser.
Salvai a minha alma, quando eu morrer.

Salvai a minha alma, quando eu morrer.
Quando eu morrer, quando acabar.
Levai a minha alma, para bom lugar.
Para bom lugar, para o paraíso.
salvai a minha alma, dia de juízo
Dia de juízo, Senhora das Dores.
Salvai a minha alma, mãe dos pecadores.
Mãe dos pecadores, mãe de São José.
Salvai a minha alma, que ela vossa é.
Que ela vossa é, sempre o há-de-ser.
Salvai a minha alma, quando eu morrer.
Quando eu morrer, quando acabar.
Levai a minha alma, para bom lugar.
Para bom lugar, para o paraíso.
Salvai a minha alma, dia de juízo.
Dia de juízo, Senhora das Dores.
Salvai a minha alma, mãe dos pecadores.
Mãe dos pecadores, mãe de São José.
Salvai a minha alma, que ela vossa é.
Que ela Vossa é, sempre o há-de ser.
Salvai a minha alma, quando eu morrer.
Quando eu morrer, quando acabar.
Levai a minha alma, para bom lugar.
Para bom lugar, para o paraíso.
Salvai a minha alma, dia de juízo.
Dia de juízo Senhora das Dores.
Salvai a minha alma, Mãe dos pecadores.
Salvai a minha alma, Mãe dos pecadores.

Na noite de Consoada, faz-se, tradicionalmente, a queima do Cepo, no Largo da Peneirada, em frente à Igreja. Até aos anos setenta do século anterior, o cepo era puxado em carro de bois por homens, daí a designação de “bezerros” para os habitantes de Penela.

 

O Cepo de Natal

I
Na Noite de Consoada,
E logo depois da Ceia,
Juntava-se a rapaziada
No largo da Peneirada

II

Em completo silêncio ,
E tudo bem combinado,
Lá iam buscar o cepo
Num carro de bois carregado

III

A braços de homem puxado,
Lá vinham por altos cerros,
Pelo que os Penelenses
São chamados “Bezerros”.

IV

Ao chegar a madrugada,
Quentinhos que era um regalo,
O povo, com devoção
Ia prá Missa do Galo

V

Era esta a tradição,
Que com o tempo se for perdendo,
Embora na Peneirada
O Cepo continue ardendo.

Até 1942, existiu um mercado quinzenal em Penela da Beira, que funcionou durante cerca de cem anos, período em que esta localidade era a principal do concelho. Assim , se as povoações vizinhas precisassem de qualquer tipo de produto manufacturado, dirigia-se a Penela, onde se encontravam,  entre outros, o latoeiro, o carpinteiro, a modista, o barbeiro, os retalhistas.

No que diz respeito às danças e cantares típicos da freguesia, sobressai o facto de, até meados do século XX, estas serem feitas na rua, aos Domingos à tarde. As canções entoadas que, ainda hoje, perduram na memória são:” Não quero sapato raso”, “Jura Amor”, “Eu vi a Amélia”, “ O Setenta” e “Os pratos na cantareira”.
Estas canções foram recolhidas pelo grupo de Cantares “ o Sincelo”, do concelho de Penedono, que integra vários elementos de Penela da Beira, fazendo parte do seu repertório.
O bairrismo das gentes de Penela é, também, ilustrado, pela forma entusiástica com que cantam o seu Hino, obrigatório em todas as festas e convívios, bem como outras canções que são dedicadas à freguesia.

Hino de Penela

Penela onde eu nasci
Amo-te com devoção
Se morrer longe de ti
Mando-te meu coração
Penela dos meus amores
Das lindas moças solteiras
És a terra mais bonita
És a terra mais bonita
Das serranias da Beira
Penela tens um encanto
Da criança quando ri
Teu povo ama-te tanto
Que dá a vida por ti
Teu povo ama-te tanto
Que dá a vida por ti

Penela linda princesa
Tua beleza sem par
Até o sol docemente
Te vem acariciar

E a lua meiga e suave
Quando no céu a brilhar
Parece ficar parada
Parece ficar parada
Só para te namorar

Penela tens o encanto
Da criança quando ri
Teu povo ama-te tanto
Que dá a vida por ti
Teu povo ama-te tanto
Que dá a vida por ti

 

Oh Penelenses

Nossa terra tão beirã
Está na serra levantada
Beija-a o sol pela manhã
Beija-a o sol pela manhã
Dão-lhe as moças nomeada
Nas ondulantes searas
Vicejam lindas papoilas
São doçuras pedras raras
São doçuras pedras raras
Os lábios destas moçoilas

(refrão)
Oh Penelenses, a nossa terra
Onde há trabalho e harmonia
Cantai a todos, honrai a todos
Com alma, fé e alegria
Oh Penelenses todos prá festa
Cantar dançar do coração
Que os nossos calos só serão honras
E as nossas faltas terão perdão

II

Trinam rouxinóis cantigas
Nas copas de mil fruteiras
Cantam também raparigas
Cantam também raparigas
Na alegre faina das eiras
Gigantescos castanheiros
De envergadura tamanha
São o amor dos brasileiros
Que lá não comem castanhas

 

Marcha de Penela

1 – Penela és festejada
Como tu não há igual
Pelas moças mais formosas
Pelas moças mais formosas
Do jardim de Portugal

(estribilho)
Oi, oai!
Quem quiser venha co'a gente
Pelas ruas a cantar
Sempre feliz e contente.
Oi oai espera aí que também vou
Não há ninguém que não queira (Bis)
Ir na marcha como eu vou.
Novos velhos e crianças
Festejando sem igual
vinde ver a contra-dança
vinde ver a contra-dança
o ai de cravos e rosas

Cravos e rosas cantando
Festejando sem igual
Penela canteiro alegre
Penela canteiro alegre
Do jardim de Portugal

3 – Como tu não há igual
Linda terra feiticeira
Ao longe tens nomeadamente
Ao longe tens nomeadamente
Linda Penela da Beira

Só tu ó linda Penela
És jardim abençoado
Ai por cravos e flores
Ai por cravos e flores
Estás tu bem perfumada

4 – Moços e moças passando
Pelas ruas a cantar
Fazem lembrar as tricanas
Fazem lembrar as tricanas
Ai no Mondego a lavar

O S. Pedro em Penela
Sempre trouxe animação
E até deixa Saudades
E até deixa Saudades,
Ai dentro do coração.

 

Esta Penela

I

Esta Penela tão querida
Não é aldeia isso não
É uma cascata estendida
Do Santo António ao Pendão
(refrão)
Ora vira prá aqui, aqui pró meu lado
Há muito prá ti, que eu já estou virado
Ora vira com jeito e reinação
Que eu trago em meu peito teu coração

II
Se eu Penela te deixar
Levarei no coração
A torre, a igreja e castelo
E o cabeço da Paixão

III
Da boca dos namorados
Aos lábios das raparigas
São mil beijos que se perdem
Pelos montes em cantigas

IV
Raparigas cantai todas
cantai mas tende cautela
Fazei ver a toda a gente
Que nós somos de Penela

V
Rapazes de outras aldeias
Vinde com tino p´ra aqui
Porque as moçoilas da terra
São p'rós rapazes daqui.

 

No domínio dos jogos tradicionais, as crianças, antigamente, entretinham-se com o jogo do arco, o jogo do pateiro, a macaca, o tiroliro e o pião, enquanto que os adultos da freguesia, nos seus tempos livres, jogavam à malha, caixola, chincalhão, corrida de cântaros e ao pucarinho.

Corrida de Cântaros

Um determinado número de raparigas, com cântaros cheios de água à cabeça, sem lhe tocarem com as mãos, percorriam um determinado trajecto, para ver quem aguentava mais tempo o cântaro à cabeça.

 

Jogo do Pucarinho

Este jogo era feito por rapazes e raparigas que formavam um fila indiana. O primeiro da fila lançava para trás um púcaro de barro, que deveria ser apanhado pelo seguinte e assim sucessivamente, até chegar ao último, que corria para a frente da fila. Quando o púcaro caía ao chão e se partia, tinha que ser substituido. Assim, percorriam as ruas da terra em alegre convívio.


Artesanato
Actualmente, a produçãoi artesanal tem pouca, ou mesmo nenhuma, relevância em Penela da Beira. Mas, até há cerca de trinta anos atrás, existiam actividades relacionadas com a cestaria, latoaria, fabrico de socos, bem tecelagem diversa em lã, linho e farrapos.

Os brinquedos tradicionais de que, ainda hoje, se guarda memória e que, alguns deles, estão representados no Museu Etnográfico são: Fisgas (galha de um ramo, duas borrachas e uma sola), Arcabuz (pau de sabugueiro, ao qual se retirava o miolo, pau afiado que era metido no de sabugueiro e bolas de linho ou estopa),  Flautas de Cana, Arcos, Pião de Pneu e de Ferro, Rodízio.
O Rodízio era fabricado da seguinte forma: retirava-se o miolo de uma noz, a qual era furada dos dois lados e atravessada por um pauzinho que tinha, num dos extremos, uma rodela de cortiça. Prendia-se, depois, um fio ao pau e enrolava-se neste. Finalmente, puxava-se e o rodízio rodava.

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